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DIVA

Lá na Flip.
Depois da declaração da Diva Guimarães.
Muitas lembranças vieram a tona.
Lembrei -me que neste mesmo colégio o da peça.
Tinha uma menina chamada Lauricéia.
Muitos de lá nem deviam saber o seu nome.
Ela era uma menina negra,cotista.
Mas não pensem que ela estudava ali por caridade.
Não.
È porque as irmãs tinham que bater uma cota .
Para imposto de renda enfim...
Era claro e nítido a diferença.
No tratamento dela com as outras alunas de lá.
Que eram simplesmente.
Filhas de grandes empresários.
Bem ela era da minha turma.
Sempre muito calada e sorridente.
Tudo para ela estava ótimo.
Não descordava de nada.
Também pudera .
Ela não podia.
Geralmente suas respostas era acenos com a mão ou a cabeça.
Aquilo me intrigava muito.
Trabalho de grupos.
Era aquela panelinha.
E ela sempre de fora das panelas.
Porque???
Eu me perguntava.
Uma vez cheguei mais cedo no colégio.
Porque meu pai tinha que estar no trabalho e me deixou lá.
Para meu espanto .
Ela já estava lá.
Cara ela morava em Jacarepagua.
Ela estava varrendo o pátio.
Perguntei  porque ela estava ali varrendo?
Ela olhou para um lado e para o outro e disse baixinho.
- Faço isso porque sou cotista e em troca ganho um lanche.
Meu coração ficou pequeno diante daquela situação.
Entendi naquele momento como as coisas funcionavam.
Cara aquilo era uma escravidão.
Trabalho em troca de comida e estudo.
Não entendia com um raciocínio tão lógico quanto hoje.
-Deixa eu te ajudar?
-Não pelo amor de Deus ,elas brigam comigo.
-Você é aluna.
-Você também.
Sai dali meio confusa.
De como aquela engrenagem funcionava.
Passei o dia pensando e observando ela.
Daquele dia em diante ela sempre fazia parte do meu grupo.
Chegando em casa contei para o meu pai.
Ele meio que se revoltou com a situação.
Mais eu disse para ele não falar nada.
Poderia prejudica-la .
Meu pai então passou a me dar grana para dois lanches.
Um para mim e outro para ela.
Ela não lanchava com o dinheiro que meu pai dava.
Ela juntava e comprava lápis,borracha.
Quando ela podia  ia lá para casa.
Almoçar.
Estudar.
Sempre queria lavar a louça e passar pano.
-Aqui você é minha amiga,não empregada.
Desde aquele dia tomei uma raiva daquelas irmãs.
Sempre pregando o amor,a paz.
Mais sempre fazendo descriminação.
Ali o que falava mais alto era o sobrenome.
A gota final foi.
Uma amiga minha a Claudia de quatorze anos engravidou.
Era na nossa turma também.
Ela foi convidada a se retirar do colégio.
Pois era um péssimo exemplo para nós.
Descriminaram tanto a menina.
Olhavam para ela como se ela tivesse uma doença contagiosa.
Foi humilhada na frente de todos.
Depois disso pedi ao meu pai para sair daquele colégio.
Afinal colégio é para agregar,para ensinar e não descriminar.
Infelizmente ainda existem muitas Divas e Lauricéias .
Sofrendo o preconceito do dia a dia.






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